Projeto une patrimônio imaterial e melhoria da qualidade de vida de jovens paraibanos
As comunidades tradicionais de João Pessoa (PB), dos
bairros Novais, Roger, Rangel, Mandacaru, Paratibe e Vale do Gramame
são o fio condutor do projeto Patrimônio Vivo de João Pessoa que tem
como objetivo inventariar os bens do patrimônio imaterial destas
localidades. Ricas em manifestações culturais, as comunidades convivem
com baixos índices de qualidade de vida e um número muito alto de
analfabetismo. O projeto Museu Vivo de João Pessoa se
constitui em um espaço de pesquisa, discussão e promoção do patrimônio
imaterial com o foco na formação de jovens em agentes culturais para
elaborar inventários dos bens culturais identificados. A ação foi
vencedora da etapa nacional da 26ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, na categoria Patrimônio Imaterial.
Criado em 1987, o prêmio do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) é um reconhecimento a ações de proteção,
preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro.
As atividades começaram em 2012 com a participação de seis bairros
tradicionais identificados por suas festas, celebrações, mestres,
brincadeiras populares e manifestações. O projeto é financiado pelo
Fundo Municipal de Cultura de João Pessoa e apresenta uma proposta de
educação, cultura e inclusão social por meio do mapeamento,
identificação, registro e salvaguarda do patrimônio imaterial. O ponto
de partida é um curso de capacitação de agentes culturais comunitários
que é dirigido a 12 jovens bolsistas moradores dos bairros selecionados.
Cada inscrito recebe uma bolsa de R$ 300,00. Eles têm aulas de
português, educação patrimonial, direitos culturais, economia criativa,
fotografia aplicada à pesquisa de campo, informática e elaboração de
projetos.
Após a capacitação, os jovens iniciam o inventário mapeando o
maior número possível de bens imateriais presentes nas comunidades
identificadas pelo projeto. A metodologia utilizada na pesquisa de campo
segue os mesmos preceitos técnicos do Inventário Nacional de
Referências Culturais (INRC), desenvolvido pelo IPHAN para produzir
conhecimento sobre os domínios da vida social aos quais são atribuídos
sentidos e valores e que, portando, constituem marcos e referências de
identidade para determinado grupo social.
Desde sua formulação, o projeto procurou envolver os grupos
tradicionais que detêm o conhecimento do patrimônio imaterial nos
bairros e a comunidade dando a oportunidade para que eles mesmos contem
suas histórias, falem de suas referências e mostrem o que realmente tem
significado simbólico agregando, desta forma, um compromisso de
pertencimento coletivo entorno do patrimônio cultural. Atuando como
agentes culturais, os jovens passam a conhecer seu cotidiano e as
tradições culturais de seus bairros e podem desenvolver ações e projetos
de fomento de salvaguarda dos bens imateriais presente nas comunidades.
O Museu ainda utiliza várias ferramentas de comunicação para promover
o trabalho que é desenvolvido nos bairros e nas comunidades. O projeto
mantém um blog, uma página no facebook, uma coluna semanal no jornal
impresso e virtual A União. O Museu Vivo de João Pessoa
não tem um espaço físico. É composto de pessoas, lugares, narrativas,
calendários festivos, expressões e manifestações culturais presente nas
comunidades. Para visitar o Museu, basta ir aos bairros e participar das
brincadeiras, das festas populares, falar com as pessoas e aprender com
os mestres que fazem parte do patrimônio cultural da cidade.
Do Iphan Nacional
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