sexta-feira, 9 de maio de 2014

Museu realiza Seminário "Cultura e Território", nesta segunda (12) e terça-feira (13)




Na próxima segunda (12) e terça-feira (13), o Museu do Patrimônio Vivo organiza o Seminário “Cultura Popular e Território”, que tem a proposta de discutir as relações de salvaguarda do patrimônio imaterial e permanência no território, no contexto das comunidades tradicionais da Paraíba. O espaço abrange diálogos com moradores do Porto do Capim, Comunidade Penha, Paratibe, Gurugi, Róger e, ainda, da Ponta do Leal, localizada em Florianópolis (SC). Acontece nos dois dias das 8h às 12h, no auditório do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB, na Praça João Pessoa, no centro da cidade.

Na segunda-feira a programação abrange discussões com Porto do Capim, Róger e Ponta do Leal e, ainda, com o Centro de Referência de Direitos Humanos (CRDH) da UFPB. Já na terça, está previsto o debate com Baía da Traição, Gurugi, Penha, Paratibe e, também, com o CRDH. O espaço é uma contribuição à Semana Nacional de Museus, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que acontece anualmente para comemorar o Dia Internacional de Museus, em 18 de maio. Em sua 12ª edição, a Semana Nacional acontece de 12 a 18 de maio em torno do tema “Museus: As Coleções e As Conexões”.

Esta é a 2ª edição do Seminário do Museu do Patrimônio Vivo, tendo a primeira ocorrida em outubro de 2012, com ideia de discutir educação e salvaguarda de patrimônio imaterial como forma de desenvolvimento sustentável. O Seminário do Museu do Patrimônio é uma realização do Coletivo Jaraguá e conta com o patrocínio do FIC Augusto dos Anjos, apoio da UFPB, Ibram, Iphan-PB.

O Museu do Patrimônio Vivo da Grande João Pessoa é um projeto que trata da salvaguarda de patrimônio imaterial de 11 localidades da Grande João Pessoa. A ideia é a de que os próprios moradores identifiquem, mapeiem e inventariem formas de expressão, celebrações, ofícios e lugares. Além do inventário, o projeto propõe a realização de uma exposição fotográfica itinerante pelas 11 comunidades, um catálogo com os bens culturais inventariados e um site. A iniciativa, em sua primeira fase, foi premiada em 2013 pelo Iphan Nacional, por meio do Prêmio Rodrigo de Melo Franco, na categoria patrimônio imaterial.

PROGRAMAÇÃO
Segunda-feira (12)
Porto do Capim (a confirmar)

Róger (PB): mestre Dário Pereira João e contramestra Malu Farias Lima, do Grupo de Capoeira Angola Palmares

Ponta do Leal (SC): Gão Oliveira, batuqueiro e capoeirista

CRDH-UFPB: Hugo Belarmino, advogado, professor da UFPB e membro do CRDH


Terça-feira (13)
Baía da Traição (PB): Capitão (José Ciriaco), índio potiguara e representante das Aldeias Potiguaras

Gurugi-Ipiranga (PB): Ana Lúcia Rodrigues e Dona Lenira, mestras do coco de roda

Paratibe (PB): Mônica Ferreira e Ana (Joseane dos Santos), presidente e vice-presidente da Associação da Comunidade Negra de Paratibe
Penha (PB): Irene de Oliveira e Giovanda de Oliveira, moradoras da Comunidade da Penha

CRDH-UFPB: Rodolfo de Oliveira Marques, psicólogo e membro do CRDH

quarta-feira, 12 de março de 2014

Agenda Cultural dos Bairros

MARÇO

CABEDELO
Ensaio de Tambores, com Mola
Quintas-feiras à noite

Forte de Santa Catarina

LUCENA
Ensaio dos Cambindas Brilhantes
Casa de Toinho, próximo ao Mercado


RÓGER
Ensaio da Quadrilha Lageiro Seco
Às sextas, sábados e domingos à noite
Centro Cultural Piollin

Ensaio da Quadrilha Fazenda Paraíba
Às sextas, sábados e domingos à noite
Escola Frei Afonso


Treino da Capoeira Angola Palmares
Às segundas, terças, quintas e sextas-feiras

Das 19h às 21h
Casa Pequeno Davi


terça-feira, 11 de março de 2014

Carnaval no Porto do Capim: o Bloco do Quên-Quên


Foto: Rossana Holanda

Por Rossana Holanda, agente cultural do Porto do Capim

Sem pretensões carnavalescas no início, o Bloco do Quên-Quên foi criado em 2000, na terça-feira de Carnaval, por um grupo de moradores da Comunidade Porto do Capim. O Bloco preencheu um espaço até então vago para a comunidade, que não possuía nenhuma referência de expressão e cultura carnavalesca.

Carentes de blocos e manifestações no centro da capital, que concentra a maioria das atrações no período pré-carnavalesco, moradores da Comunidade do Porto do Capim – entre eles Flávio Dilácio da Silva – se reuniam para uma comemoração diferente, em que o principal prato era um pato.

Foto: Rossana Holanda

No início uma festa intimista para poucos amigos, a Festa do Quên-Quên tomou corpo de bloco em 2003 e passou a desfilar pelas ruas do Centro Antigo, animando a Comunidade do Porto do Capim e outras comunidades do entorno. Em 2014, o Bloco do Quên-Quên completa 14 anos, sendo 11 de desfile. É figura cativa do Folia de Rua e uma opção para quem prefere permanecer na capital.


Coluna no Jornal A União do MPV no último sábado (1)




E para quem não viu, a gente compartilha a coluna do Museu do Patrimônio Vivo que saiu no Jornal A União, no sábado (1) de Carnaval e que contou com a colaboração da agente cultural do bairro do Róger, Nina Nascimento.

"[...]

As aulas de campo do Projeto também possibilitaram aos colaboradores e agentes culturais comunitários acompanharem de perto esta preparação do Carnaval em alguns dos bairros, assim como outras formas de expressão, ofícios, lugares e celebrações. Nina Nascimento, agente cultural do bairro do Róger, compartilha a experiência na localidade: “Passando por alguns bairros de João Pessoa, observei que há uma imensidão de grupos culturais focados nas vivências trazidas pelos mestres, mestras e moradores de cada bairro. No Róger tivemos a oportunidade de trazer, no dia 18 de janeiro, o Museu do Patrimônio Vivo para compartilhar o que vivenciamos todos os dias.

Pudemos conversar com uma grande referência da Ala Ursa no Róger, que é Seu Samuel e sua família. Seu Samuel abriu sua casa para receber pessoas de idades diferentes e de pensamentos também diferentes. No descer da ladeira visitamos a Capela Santa Rita de Cássia e lá, Paulo Junior, um dos moradores mais antigos do bairro, nos contou um pouco da história e de suas vivências dentro da igreja. Seguimos nossa caminhada e, na Pracinha, estava nos esperando a contramestra Malu, que nos contou um pouco de sua experiência dentro da capoeira e a importância do trabalho dentro das comunidades do bairro".

Confira a coluna na íntegra por meio do link: http://bit.ly/OgVrzC

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Conheça o projeto Museu do Patrimônio Vivo



Em execução desde agosto de 2013, a segunda fase do Projeto Museu do Patrimônio Vivo trata da salvaguarda do patrimônio imaterial de 11 localidades da Grande João Pessoa. A proposta é de que os próprios moradores identifiquem, mapeiem e inventariem formas de expressão, celebrações, ofícios e lugares. Além do inventário, o projeto propõe a realização de uma exposição fotográfica itinerante pelas 11 comunidades, um catálogo com os bens culturais inventariados e um site. A iniciativa, em sua primeira fase, foi premiada em 2013 pelo Iphan Nacional, por meio do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, na categoria Patrimônio Imaterial.

Com este viés, o projeto trabalha com a formação de 18 agentes culturais comunitários bolsistas e oriundos das localidades de Alto do Mateus, Bairro dos Novais, Cabedelo, Conde (Comunidades Quilombolas de Gurugi e Ipiranga), Lucena, Paratibe, Penha, Porto do Capim, Rangel, Roger e Santa Rita (Centro e Tibiri). A ideia é, assim, a criação de um espaço pesquisa, discussão e divulgação do patrimônio imaterial, localizado em lugares representativos das atividades culturais – como a casa dos mestres e atores culturais das localidades e, mesmo, lugares de trabalho, festas, celebrações e brincadeiras. Assim, a proposta é a de valorizar as expressões culturais dentro dos próprios bairros onde se realizam e estimular o trânsito de pessoas de outras comunidades.

Oficina de Economia Viva, com Stella D'Agostini./Foto: Isa Paula Morais
 
A proposta pedagógica, por sua vez, compreende três ciclos de atividades: o primeiro, ocorrido de setembro a novembro de 2013, abarcou oficinas de Educação Patrimonial, Língua Portuguesa, Direitos Culturais e Introdução à Pesquisa Etnográfica; de novembro de 2013 a janeiro de 2014 o projeto segue com as duas primeiras oficinas, incorporando Fotografia e Economia Viva e da Cultura. O último ciclo, que se inicia no próximo fevereiro, abarca as oficinas de Educação Patrimonial, Língua Portuguesa, Elaboração de Projetos e Informática. As oficinas acontecem nas terças e quintas-feiras, a partir das 14h, na Casa do Erário - localizada na Praça Rio Branco, no centro de João Pessoa.

No período transcorrido também foram preenchidas as fichas de localidade, mapeamento de bens culturais nas comunidades e, neste momento, se encontra em processo de preenchimento a ficha de levantamento documental, que abarca a identificação de fontes secundárias, seja sobre as localidades, seja sobre os bens mapeados. Como núcleos de experiência também já foram visitadas as localidades de Porto do Capim, Roger, Rangel e Bairro dos Novais e a visita às outras comunidades já está agendada. O processo das visitas abrange o compartilhamento da vivência cultural de um agente com o demais e com a equipe colaboradora do projeto.

Colaboradores e Agentes Culturais no Porto do Capim.Foto: Isa Paula Morais
Na primeira edição do projeto – que abrangeu Bairro dos Novais, Mandacaru, Paratibe, Rangel, Roger e Vale do Gramame e foi realizada de agosto de 2012 a janeiro de 2013 com financiamento do Fundo Municipal de Cultura – foram inventariados enquanto bens imateriais: ofício de gaiteiro, coco e ciranda, tribo indígena carnavalesca, ofício da rezadeira, quadrilha junina, capoeira, lapinha, ala-ursa, boi de reis, cavalo marinho, coco de roda, casa de taipa, por exemplo.

O projeto é financiado pelo Fundo de Incentivo à Cultura (FIC), proposto por Pablo Honorato Nascimento e executado pela ONG Jaraguá. A iniciativa conta com apoio Iphan-PB e da UFPB por meio do Núcleo de Arte Contemporânea (NAC).

AGENDA CULTURAL DOS BAIRROS DA GRANDE JP

Foto: Isa Paula Morais

FEVEREIRO

BAIRRO DOS NOVAIS
Ensaio Ciranda do Sol
Aos sábados, às 14h
Associação dos Moradores do Bairro dos Novais

Treino de Capoeira do Grupo “Angola Comunidade”
Segundas, Quartas e Sextas, às 19h
Casa do Mestre Naldinho

CABEDELO
D. Teca, do Grupo de Coco de Roda e Ciranda do Mestre Benedito, se apresenta na Feirinha de Tambaú
Domingo (2), às 17h
Link: http://bit.ly/MmFk2l

CONDE (COMUNIDADE QUILOMBOLA IPIRANGA)
Roda de Coco com Selma do Coco (PE), Carboreto (PB) e Grupo Coco de Roda Novo Quilombo
Sábado (1), às 19h30
Ponto de referência: Bar Raça Negra, na Praia de Jacumã.

PARATIBE

Projeto Social Paratibe em Ação :
Segunda (10): às 8h, Acolhida; 8h30 Percussão, 10h Judô 

Terça (11): às 8h, Acolhida; 8h30, Xadrez; 10h, Capoeira
Quarta (12): às 8h, Acolhida; 8h30, Coco e Ciranda; às 10h, Judô
Quinta (13): às 8h, Acolhida; 8h30: Maculelê; 10h, Capoeira
Sexta (14): às 8h, Acolhida; 8h30, Letramento; 10h, Judô
Sábado (15): às 19h, Capoeira; Dança Afro com horário em aberto
Domingo (16): 15h Treino de Angola


Treino de Capoeira do Grupo “Afro Nagô”
Aos sábados, às 7h30
Quadra Antonia

Ensaio de Coco
Segundas, Quartas e Sextas
Galpão Multicultural

Treino de Judô

Segundas, Quartas e Sextas
Galpão Multicultural

 
ROGER
Treino de Capoeira do Grupo "Angola Palmares"
Segundas, terças, quintas e sextas, das 19h às 21h
Casa Pequeno Davi (
Rua João Ramalho, 195, Roger)

Ensaio Ala Ursa “Sem Lenço, Sem Documento”

De segunda a sexta-feira, das 19h às 21h
Em frente à Casa de Bira (Rua Genésio Andrade, 54, Roger)



Ensaio Urso "Gavião"
De segunda a sexta-feira, das 19h às 21h
Comunidade do S 

 

Ensaio Escola Império do Samba
Segundas, Quartas e Sextas-feiras, a partir das 21h
Cabeça do Burro, em frente à Igreja Madureira


TIBIRI
2ª Sexta Cultural do Espaço Múltiplo

Sexta-feira (28)
Auditório Irmã Dulce, da Paróquia São Pedro e São Paulo (Rua Patos, S/N, Tibiri II)
Tema: Fotografia


Oficina "Percepção Criativa", facilitada por Jocieudo Alves
8h às 12h | 14h às 17h

Varal Fotográfico
A partir das 19h



Relato de Experiência: Aula de Campo Bairro dos Novais


Por Ângela Regina, agente cultural de Cabedelo 

1ª Parada: Cavalo Marinho Infantil Sementes do Mestre João do Boi

Mestra Tina, Cavalo Marinho Infantil, Bairro Novais / Foto: Isa Paula Morais


Fomos à Rua da Alegria (realmente, só alegria). Antes da chegada já se ouvia um som de grande alegria, pois era o Cavalo Marinho Infantil Sementes do Mestre João do Boi: uma belíssima apresentação com um grupo de crianças e adolescentes de encher os olhos, de um colorido com suas fitas e coroas na cabeça. 


O Cavalo Marinho é uma narrativa cantada e dançada sobre a história de Catirina, que tinha o desejo de comer língua de boi e seu esposo fez de tudo para realizar esse desejo da amada. No desenrolar da dança existem dois mascarados que tentam laçar os componentes do grupo e, também, o boi desenvolvendo passos de dança e contagiando a todos.

Existem tocadores com banjo, triângulo e outros instrumentos que acompanham o grupo. Dentro do grupo existe uma que comanda os demais, com seu apito: é a mestra Tina. É uma apresentação muito alegre e colorida.

2ª Parada: Casa do Mestre Naldinho

Mestre Naldinho/Foto: Isa Paula Morais

Estamos na casa de Priscila, agente cultural do Bairro dos Novais, o qual é pai da mesma. Mestre Naldinho, como é mais conhecido, tem na sua residência um espaço todo especial e bem preparado com paredes grafitadas com vários mestres da capoeira. É um trabalho belíssimo de grafite: tem adornos na parede que tem seus significados e simbolismos. É um espaço muito legal. 


Aqui são efetuadas várias oficinas ou aulas de Capoeira, Samba, Puxada de Rede e Maculelê: é uma diversidade cultural sem igual. Para todas essas manifestações culturais são usados os tambores e atabaques como instrumentos de percussão. A Puxada de Rede é uma dança afro na qual os escravos que cantavam para aliviar suas dores e amarguras. Conta a história de um pescador que morreu no mar em busca de seu ganha pão, daí são encenados durante a dança toda essa narrativa. Sua marcação é nos tambores.


Os tambores e atabaques têm todo um ritual e envolvem todo um sincretismo religioso, pois as mulheres não podem tocar os tambores feitos de couro de animais, pois os mesmos foram feitos através de derramamentos de sangue e sacrifício. A mulher, por menstruar todo mês, não pode tocar; a não ser aqueles feitos de artigos sintéticos. A puxada de rede é decorrente da pesca do xaréu.


O Maculelê

Ressurgiu na Bahia, na cidade de Santo Amaro da Purificação. É também uma tradição afro, que tem forte influência do candomblé e da umbanda. Suas músicas são cantigas de terreiros e representa uma luta que se transforma em dança, em que são tocados três atabaques: grave, médio e o agudo. É quase uma religião. Um dos maiores representantes na humanidade é Nelson Mandella, que era um exímio lutador de maculelê. Essa dança tem um ritual antes de seu início; é uma dança de muitos orixás.


Criação de Peixes Beta para Exposição

Além de toda essa diversidade cultural existente na casa do Mestre Naldinho, ele ainda tem um grande cultivo de peixes beta, que participam de exposições nacionais. O mestre incentiva os alunos que ali participam para que os mesmos possam ter futuramente uma profissão, como cultivadores ou criadores de peixes ornamentais. 

E não é só isso, tem também o cultivo de plantas como bonsai, cactos, plantas carnívoras. Enfim, Mestre Naldinho não é apenas um mensageiro da diversidade cultural no Bairro dos Novais: é um exemplo para o mundo, onde seu exemplo de vida ensina que o mundo pode ser melhor, seja através das culturas, dos peixes ou das plantas. Ele contribui para que o ser humano seja melhor.

Museu do Patrimônio Vivo

Museu do Patrimônio Vivo