segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Naquelas manhãs de hoje

Por Isa Paula Morais

Naquele tempo a conversa era de quando éramos jovens e tentávamos organizar dados através de planilhas de softwares livres. Os assuntos perpassavam, ainda, pela fluidez da identidade e pelo inventar do passado. Aquele tempo era hoje, mas que já havia transcorrido: uma segunda-feira, 20 de agosto, e uma indecisão entre vento, chuva e sol imersos num passado criado em invenções, quando da escrita destas linhas.

Naqueles tempos de hoje cedinho, Sérgio Vilar compartilhava saberes sobre somas, subtrações e multiplicações em planilhas; falava-nos, também, de conceitos básicos para adentrarmos no mundo Linux, assim do uso das ferramentas Open Office. Pensávamos em como guardávamos e como iríamos guardar o nosso patrimônio que não era assim, tão fácil de guardar – como quem coloca uma moeda no bolso ou numa gaveta. Bom: a gente pensava que poderia ir, aos poucos, adaptando o imaterial daqui e de lá naqueles espacinhos digitais, só para mais pessoas tivessem acesso ao que a gente podia produzir e vivenciar naqueles dias, nos nossos bairros.

Em outros tempos desta manhã falávamos de um dos conceitos de História: “A arte de inventar o passado”. Debulhávamos, também, as frases: e o que era arte? Uns respondiam com um “vivência de um povo” daqui e um “é expressar sentimentos” dacolá; o que era inventar? Lançavam um “criar” como resposta; passado? “Já se foi”. Hum. A gente conversava, ainda, sobre resgate do passado; da cultura. Felipe Cantalice retrucava com um “mas a gente não é SAMU para estar resgatando ninguém. O que a gente pode fazer é uma cópia malfeita, que é também invenção”.


Ah, naquelas manhãs de hoje dialogávamos acerca da fluidez da identidade. Identidade que, por vezes se moldava às expectativas sociais, presentes em ambientes de inserção e de consequente vivência. Pensávamos que essência – que por vezes era considerada o modo de pensamento do lugar de origem – podia estremecer um pouquinho também. E que ponte a gente fazia com a imaterialidade do patrimônio? Era aquela da constante dinâmica desta e deste, que se moldavam e se modificavam em relação ao tempo vivenciado – ganhando e perdendo sentido, sendo ou não, de alguma forma, repetidos e reatualizados.


E por falar em invenção, vai que este texto é inventado, com este passado de tempos verbais? Será que aconteceu ou se constitui, apenas, como um ponto de vista acerca do que se passou, neste passado tão pertinho que está sendo hoje? A gente segue, na próxima sexta-feira (24), com mais aulas de informática e de língua portuguesa.

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