domingo, 21 de outubro de 2012

De quando a atividade é Seminário

Agentes Culturais na Oficina de Fotografia

Por Isa Paula Morais

Depois uma semana permeada por práticas de sensibilização à vida e à fotografia com Ricardo Peixoto, em que foram feitos exercícios já esquecidos por gente que quer se tornar grande – desenhos, atenção à respiração, pensar no fazer bem feito, cuidado com o corpo e enxergar não só com os olhos, mas todos os sentidos –, a última semana também compreendeu um momento importante para o projeto: nos dias 18 e 19 de outubro foi realizado o I Seminário do Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa. Passaram pelos microfones, nos dois dias de evento, Gilson Renato, Marta Smith, Laura Moreno, Átila Tolentino, Emanuel Braga, Pedro Rossi, Jurandi Pacheco, Laetitia Valadares, Stella D’Agostini e Ana. O público participante foi composto de aproximadamente 25 pessoas inscritas, junto a 11 agentes culturais participantes do projeto.

Seminário: Laetitia fala sobre patrimônio imaterial
Nestes dias as discussões abrangeram temáticas como patrimônio cultural imaterial, desenvolvimento sustentável, globalização, salvaguarda, educação formal e informal, identidade e cidadania. Os diálogos também envolveram diferenças entre o que é considerado folclore e cultura popular, tendo base elementos como estático e dinâmico; inserção no cotidiano; hibridismo. Também se discutiu maneiras de como a cultura popular pode se apropriar de uma estrutura, de forma contribuir para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial.

Economia sustentável também foi foco do debate: conceitos de economia viva e criativa foram compartilhados, assim como de turismo comunitário. Desta maneira, as conversas se direcionaram a maneiras de resistência das comunidades no que toca aos conglomerados turísticos, como é o caso de resorts – espaços que, muitas vezes, não têm relação direta com a comunidade, resultando numa exoticização da cultura popular a partir dos ares excêntricos atribuídos às expressões culturais de determinada localidade.

Ana, da comunidade de Gurugi, partilha experiências

Também se foi destacada a ideia de que o passado não seja considerado um peso, mas um apoio. Desta maneira, pode-se contribuir para um respeito à ancestralidade e uma possível reconfiguração desta. Outro ponto discutido foi o da expressão cultural da comunidade: é possível viver de cultura? Em que momentos uma comunidade cobra ou não cachê? Como não contribuir para uma política cultural de cachês e cobrar um acompanhamento por parte do poder público?

“A gente é rico, a gente tem cultura, tem comida e tem do que viver; não estamos em estado de vulnerabilidade social”, destaca veementemente Ana, da Comunidade de Gurugi. Esta frase de Ana dá forças às atividades e colabora para desmistificar certos estigmas; há uma necessidade de ações por parte do poder público, mas que estas incentivem um protagonismo por parte das comunidades. 

O I Seminário do Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa teve como tema “Educação e Salvaguarda de Patrimônio Cultural como Forma de Desenvolvimento Sustentável” e foi realizado pelo Coletivo Jaraguá em parceria com o Centro Estadual de Arte (Cearte), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com apoio do Sindifisco e da UFPB.

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Museu do Patrimônio Vivo

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