Agentes Culturais na Oficina de Fotografia |
Por Isa Paula Morais
Depois uma semana permeada
por práticas de sensibilização à vida e à fotografia com Ricardo Peixoto, em que foram feitos exercícios
já esquecidos por gente que quer se tornar grande – desenhos, atenção à
respiração, pensar no fazer bem feito, cuidado com o corpo e enxergar não só
com os olhos, mas todos os sentidos –, a última semana também compreendeu um
momento importante para o projeto: nos dias 18 e 19 de outubro foi realizado o
I Seminário do Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa. Passaram pelos
microfones, nos dois dias de evento, Gilson Renato, Marta Smith, Laura Moreno, Átila
Tolentino, Emanuel Braga, Pedro Rossi, Jurandi Pacheco, Laetitia Valadares, Stella
D’Agostini e Ana. O público participante foi composto de aproximadamente 25
pessoas inscritas, junto a 11 agentes culturais participantes do projeto.
Seminário: Laetitia fala sobre patrimônio imaterial |
Nestes dias as discussões
abrangeram temáticas como patrimônio cultural imaterial, desenvolvimento sustentável,
globalização, salvaguarda, educação formal e informal, identidade e cidadania.
Os diálogos também envolveram diferenças entre o que é considerado folclore e
cultura popular, tendo base elementos como estático e dinâmico; inserção no
cotidiano; hibridismo. Também se discutiu maneiras de como a cultura popular
pode se apropriar de uma estrutura, de forma contribuir para a salvaguarda do
patrimônio cultural imaterial.
Economia sustentável também
foi foco do debate: conceitos de economia viva e criativa foram compartilhados,
assim como de turismo comunitário. Desta maneira, as conversas se direcionaram a
maneiras de resistência das comunidades no que toca aos conglomerados turísticos,
como é o caso de resorts – espaços que, muitas vezes, não têm relação direta
com a comunidade, resultando numa exoticização da cultura popular a partir dos ares excêntricos atribuídos às expressões culturais de determinada localidade.
Ana, da comunidade de Gurugi, partilha experiências |
Também se foi destacada a
ideia de que o passado não seja considerado um peso, mas um apoio. Desta
maneira, pode-se contribuir para um respeito à ancestralidade e uma possível
reconfiguração desta. Outro ponto discutido foi o da expressão cultural da
comunidade: é possível viver de cultura? Em que momentos uma comunidade cobra
ou não cachê? Como não contribuir para uma política cultural de cachês e cobrar
um acompanhamento por parte do poder público?
“A gente é rico, a gente tem
cultura, tem comida e tem do que viver; não estamos em estado de vulnerabilidade social”,
destaca veementemente Ana, da Comunidade de Gurugi. Esta frase de Ana dá forças
às atividades e colabora para desmistificar certos estigmas; há uma necessidade
de ações por parte do poder público, mas que estas incentivem um protagonismo
por parte das comunidades.
O I Seminário do Museu do
Patrimônio Vivo de João Pessoa teve como tema “Educação e Salvaguarda de Patrimônio
Cultural como Forma de Desenvolvimento Sustentável” e foi realizado pelo
Coletivo Jaraguá em parceria com o Centro Estadual de Arte (Cearte), Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com apoio do Sindifisco
e da UFPB.
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