segunda-feira, 27 de agosto de 2012

De assim-assim ao impulso de narrar

Agentes Culturais na aula de informática
Por Isa Paula Morais

A última segunda-feira (27) começou assim-assim – e já se imagina aquele gesto com a mão que ensaia um semicírculo para a direita e outro para a esquerda – por conta de um chove-não-molha e levantou os ânimos com um posterior impulso de narrar e de pensar acerca deste narrar. Houve quem dialogasse sobre do desenvolvimento de sites; houve quem puxasse o assunto para o contar histórias das comunidades; houve quem, no intervalo das aulas, falasse acerca dos saberes do povo sobre de picadas de escorpião, assim como de colírios feitos a partir da urtiga branca.

Logo cedinho a manhã foi povoada por conhecimentos acerca da dinâmica da internet e, consequentemente, por muitos termos em inglês: browsers, messengers, uploads, downloads. A manhã também carregou algumas ideias acerca da diferenciação entre sites em portais, blogs, institucionais, hotsites, aplicações e redes sociais. Este ciclo de conhecimentos compreende conceitos iniciais para o desenvolvimento do site do Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa e uma das maneiras de posterior construção de seu acervo.

Em seguida, as atividades correram ao café e à pipoca: o filme “Narradores de Javé” entrou na televisão e na mente, possivelmente de forma a suscitar questões sobre registro de histórias e materialização do imaterial. Uma de muitas falas do filme que chamaram a atenção e que pode ter a ver com esta temática foi “a história é de vocês, mas a escrita é minha”. E o que isso quer dizer? Como narrar uma história e, assim, registrá-la a partir de um ponto de vista? Como representar o patrimônio imaterial de um povo?


Estas são apenas algumas das questões que podem ser suscitadas nesses espaços de discussão e de posterior escrita do texto. Como transpor aquela conversa da segunda-feira acerca de animais peçonhentos, como o escorpião, e das propriedades da urtiga branca sem que se percam muitos elementos pelo caminho? Como escolher aqueles que são “pertinentes”? A ideia é de questionar e de fazer pensar. Desta maneira, as discussões serão retomadas na próxima sexta-feira (31) com aulas de informática e de língua portuguesa.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Naquelas manhãs de hoje

Por Isa Paula Morais

Naquele tempo a conversa era de quando éramos jovens e tentávamos organizar dados através de planilhas de softwares livres. Os assuntos perpassavam, ainda, pela fluidez da identidade e pelo inventar do passado. Aquele tempo era hoje, mas que já havia transcorrido: uma segunda-feira, 20 de agosto, e uma indecisão entre vento, chuva e sol imersos num passado criado em invenções, quando da escrita destas linhas.

Naqueles tempos de hoje cedinho, Sérgio Vilar compartilhava saberes sobre somas, subtrações e multiplicações em planilhas; falava-nos, também, de conceitos básicos para adentrarmos no mundo Linux, assim do uso das ferramentas Open Office. Pensávamos em como guardávamos e como iríamos guardar o nosso patrimônio que não era assim, tão fácil de guardar – como quem coloca uma moeda no bolso ou numa gaveta. Bom: a gente pensava que poderia ir, aos poucos, adaptando o imaterial daqui e de lá naqueles espacinhos digitais, só para mais pessoas tivessem acesso ao que a gente podia produzir e vivenciar naqueles dias, nos nossos bairros.

Em outros tempos desta manhã falávamos de um dos conceitos de História: “A arte de inventar o passado”. Debulhávamos, também, as frases: e o que era arte? Uns respondiam com um “vivência de um povo” daqui e um “é expressar sentimentos” dacolá; o que era inventar? Lançavam um “criar” como resposta; passado? “Já se foi”. Hum. A gente conversava, ainda, sobre resgate do passado; da cultura. Felipe Cantalice retrucava com um “mas a gente não é SAMU para estar resgatando ninguém. O que a gente pode fazer é uma cópia malfeita, que é também invenção”.


Ah, naquelas manhãs de hoje dialogávamos acerca da fluidez da identidade. Identidade que, por vezes se moldava às expectativas sociais, presentes em ambientes de inserção e de consequente vivência. Pensávamos que essência – que por vezes era considerada o modo de pensamento do lugar de origem – podia estremecer um pouquinho também. E que ponte a gente fazia com a imaterialidade do patrimônio? Era aquela da constante dinâmica desta e deste, que se moldavam e se modificavam em relação ao tempo vivenciado – ganhando e perdendo sentido, sendo ou não, de alguma forma, repetidos e reatualizados.


E por falar em invenção, vai que este texto é inventado, com este passado de tempos verbais? Será que aconteceu ou se constitui, apenas, como um ponto de vista acerca do que se passou, neste passado tão pertinho que está sendo hoje? A gente segue, na próxima sexta-feira (24), com mais aulas de informática e de língua portuguesa.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Todo ato do ser humano!


Professor Felipe Cantalice e agentes culturais
Por Isa Paula Morais

“Todo ato do ser humano!”, exclamou Lygia, uma das participantes do Curso de Formação de Agentes Culturais, nesta segunda-feira (13), acerca do que significa cultura para ela. Este diálogo fez parte do espaço Educação Patrimonial, segundo momento do dia, que também abrangeu aulas de informática voltadas à construção de um site que se constituirá como parte de um acervo de bens imateriais. As atividades fazem compõem o primeiro de três ciclos do Projeto Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa.

Com uma hora da manhã destinada à informática, alguns minutos ao café à bolacha e duas outras a diálogos acerca de Educação Patrimonial, a semana começa já com as cabeças inquietarem-se quando da volta às comunidades. Circularidade Cultural? Elite, povo? Mistura? Ginzburg? Menocchio? História e Memória? Como se utilizar destes conceitos para intervir na comunidade, a fim de que a memória seja preservada dinamicamente, acompanhando os ritmos da imaterialidade? Como aplicar isto e materializar, de certa forma, num formato digital – um site? Estas foram algumas das reflexões que, possivelmente, puderam ser suscitadas assim, numa manhãzinha chuvosa e de ventanias a revirarem guarda-chuvas.

“Pegue a dança para você ver. Pegue, pegue. Você não pega. Você pega no braço, na perna da pessoa, mas na dança... Na dança você não pega”, fala Felipe Cantalice, facilitador do segundo momento do dia, acerca do que é imaterialidade. E o que é que isto tem a ver com a gente? Com a gente não está no curso, diretamente? Será que a comunidade na qual vivemos também não tem uma cultura construída e reconstruída diariamente? E como fazer como que esta não se esvaia, assim, como quem esquece sem querer? A sementinha está plantada neste texto, que não abrange muito das discussões movimentadas nesta última segunda-feira, mas que se propõe um pontapé inicial a quem tem acesso à leitura.

Os diálogos prosseguem na próxima sexta-feira (17) com aulas de Língua Portuguesa e Educação Patrimonial para darem movimento e um pouquinho de forma àquela vivida e sentida, mas ainda não vista, que é a expressão cultural.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Eita, que sexta-feira foi dia de ciranda!


Por Isa Paula Morais

Com mãos unidas a duas pessoas de cada lado e pés que se cruzavam à direita, envoltos numa ciranda, a sexta-feira (10) começou mais bonita, com tons coloridos de empolgação. O espaço para este entrecruzamento de expressões foi a primeira aula do Curso de Formação de Agentes Culturais Comunitários, proposta pelo projeto Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa.

A manhã foi dum primeiro contato com uma proposta de ressignificação dos conceitos de patrimônio, museu e bens imateriais. O que acumulamos enquanto vivência? Com o que nos identificamos? O museu deve mesmo se constituir como algo estático, fixado num espaço e trancado quando não há expediente? Como vamos construir acervo e registrar um patrimônio imaterial? Estas foram algumas das questões colocadas neste momento de aproximação entre as seis comunidades e os facilitadores do curso.

O espaço também foi de trocas de vivências tanto na roda de diálogo, quando num momento de cafezinho; pessoas se conheceram, se reconheceram e trocaram palavras-experiências quanto às particularidades das comunidades, de suas referências. "Acho que o projeto pode contribuir para a minha comunidade no sentido do resgate de uma cultura coletiva que está desvalorizada. Além disso, com essa abrangência, o projeto pode colaborar para tirar um estigma ruim do meu bairro", conta Josilene, da comunidade de Mandacaru.

As atividades seguem nesta segunda, com aulas de informática voltadas à construção do site do projeto pelos agentes culturais das comunidades. E vamos ao desenvolvimento deste acervo e desta convergência de expressões culturais!

Museu do Patrimônio Vivo

Museu do Patrimônio Vivo